Psicopedagogia

Psicopedagogia Clínica
O que é?
Trata-se de uma área de conhecimento que se debruça sobre o processo de aprendizagem humana utilizando as ciências da psicologia e da pedagogia. O termo psicopedagogia distingue-se em três conotações: como uma prática; como um campo de investigação do ato de aprender; como um saber científico. Não é sinônimo de psicologia escolar. É uma área interdisciplinar resultante da articulação de conhecimentos, tais como: a psicologia, pedagogia, psicanálise, neurologia, psicolinguística, fonoaudiologia, sociologia, filosofia, antropologia. A partir do conhecimento do processo de aquisição da aprendizagem, o especialista em psicopedagogia consegue detectar que situações podem estar influenciando negativamente este processo, ou que mecanismo o aprendiz está utilizando que podem estar dificultando sua aprendizagem. É relevante a observação do sistema familiar, escolar e social, além do próprio processo de aprendizagem para podermos detectar o que pode estar obstaculizando esta aquisição.

Objetivo da Psicopedagogia
Melhorar o processo de aprendizagem e o desempenho de crianças, adolescentes e adultos. Nos propomos a identificar a modalidade de aprendizagem do aprendiz e quais obstaculos estão conduzindo a bloqueios. Em outras palavras, identificar as dificuldades advindas do processo ensino-aprendizagem e suas implicações.
O conceito de modalidades de aprendizagem permite descrever e compreender a forma pessoal com que cada sujeito se acerca e se relaciona com o objeto de conhecimento. A modalidade de aprendizagem pode ser sadia ou pode ser prejudicada pelo desequilíbrio da assimilação e acomodação. Na modalidade de aprendizagem descobriremos quais os mecanismos o sujeito usou para realizar o que aprendeu. Este processo está ligado com a modalidade de aprendizagem familiar. Segundo Fernández (1990, p.108) deve-se considerar:
- a imagem de si mesmo como aprendente, como agem as figuras ensinantes pai e mãe;
- o vínculo com o objeto de conhecimento;
- a história das aprendizagens (recolhidas na anamnese);
- a maneira de jogar;
- a modalidade de aprendizagem familiar.
Obstáculo epistêmico: refere-se à estrutura cognitiva do aprendiz, que deriva do nível de operatividade da estrutura cognitiva alcançada, isto é, ninguém pode aprender além do que sua estrutura cognitiva permite.
Obstáculo epistemofílico: utilizado para designar o vínculo afetivo que o aprendiz estabelece com os objetos e situações de aprendizagem.
Obstáculo Epistemológico: está relacionado ao meio cultural em que o aprendiz está inserido. Uma vez que identificamos a modalidade de aprendizagem do aprendiz e os aspectos que poderão estar obstaculizando a aprendizagem (bloqueios que se escondem por trás das dificuldades), iniciamos o processo de modificação destes obstáculos, através da atuação psicopedagógica. Após a realização da avaliação psicopedagógica iniciamos um trabalho de estimulação / intervenção que pretende potencializar e/ou viabilizar seu rendimento acadêmico, autoconfiança, autoestima, relações interpessoais, afetividade, intelecto, atenção, concentração, percepção, persistência na tarefa, entre outros. Uma intervenção precoce é fundamental para aumentar o potencial de desenvolvimento cognitivo, desiderativo e social do indivíduo sobretudo de crianças em idade escolar e em possível risco de atraso de desenvolvimento.

A quem se destina?
Crianças e jovens em idade escolar que apresentam dificuldades de aprendizagem e/ou possível risco de atraso de desenvolvimento (TDAH; TEA (autismo); Transtorno Especifico da Aprendigagem; Deficiências Intelectuais).

DISGRAFIA
É um transtorno da psicomotricidade que afeta a qualidade da caligrafia, ou a legibilidade da escrita, da sua organização na página, como o tamanho da letra, espaçamento das palavras, etc.
Características principais:
1) Caligrafia irregular;
2) Letras desproporcionais;
3) Muitas rasuras;
4) Espaçamento irregular entre linhas ou palavras (sobrepondo ou desconectando);
5) Traçado irregular de letras e números.
Exercícios sugeridos para estimular a coordenação motora:
1) Atividades com pintura utilizando pincéis ou pintura a dedo;
2) Recorte e colagem;
3) Argila, barro, massinha de modelar;
4) Separar grãos de feijão ou grão-de-bico ou outro grão que você disponha em sua casa;
5) Quebra-cabeças, blocos de construção, empilhar objetos, encaixar objetos (formas geométricas) em MDF em pinos de madeira;
6) Amarrar sapatos, alinhavos de letras, números, formas geométricas, animais, objetos, etc.;
7) Artesanato;
8) Atividades como artesanato e plantio, entre outros são bons exercícios para quem apresenta disgrafia, pois auxiliam no controle dos movimentos dos dedos. O uso do computador pode ser indicado já que a dificuldade é de ordem motora, ou seja, na escrita à mão.
Estimular essas habilidades com atividades simples que podem ser feitas em casa ajudam crianças a aprender a realizar tarefas cotidianas e escolares. Pessoas em outras faixas etárias também se beneficiam com a prática de tais atividades.

DISLEXIA
A dificuldade de correlacionar letras a sons do próprio idioma, a ler palavras impressas (frequentemente chamada de dislexia) é uma das manifestações mais comuns do Transtorno Específico da Aprendizagem de origem neurobiológica. Caracterizada por dificuldade no reconhecimento preciso e/ou fluente da palavra na habilidade de decodificação e em soletração.
Tais dificuldades normalmente resultam de um déficit no componente fonológico da linguagem.
Alguns sinais na pré-escola:
1) Dispersão;
2) Fraco desenvolvimento da atenção;
3) Atraso do desenvolvimento da fala e da linguagem;
4) Dificuldade de aprender rimas e canções;
5) Fraco desenvolvimento da coordenação motora;
6) Dificuldades com quebra-cabeças;
7) Falta de interesse por livros impressos.
Alguns sinais na idade escolar:
1) Dificuldade na aquisição e automação da leitura e da escrita;
2) Pobre conhecimento de rima (sons iguais no final das palavras) e aliteração (sons iguais no início das palavras);
3) Desatenção e dispersão;
4) Dificuldade em realizar a cópia de livros e do quadro;
5) Dificuldades na coordenação motora fina (letras, desenhos, pinturas) e/ou coordenação motora grossa (ginástica, dança, movimento corporal);
6) Desorganização geral, constantes atrasos na entrega de trabalhos escolares e perda de seus pertences;
7) Confusão para nomear entre esquerda e direita;
8) Dificuldade para manusear mapas, dicionários, listas telefônicas, etc.;
9) Vocabulário pobre com sentenças curtas e imaturas ou longas e vagas.

DISORTOGRAFIA
Deriva dos conceitos “dis” (desvio) + “orto” (correto) + “grafia” (escrita). Esta patologia é uma perturbação específica da aprendizagem de origem neurobiológica que afeta as capacidades da expressão escrita, em particular a precisão ortográfica, a organização, a estruturação e composição de textos escritos.
A construção da frase é pobre e observa-se a presença de muitos erros ortográficos. Pode ainda ser conhecida por Perturbação da expressão escrita, segundo o DSM-V.
Características principais:
1) Dificuldade em organizar e expressar ideias de forma escrita, segundo as regras ortográficas;
2) Pobre organização de parágrafos e pontuação;
3) Erros gramaticais;
4) Erros ortográficos;
5) Dificuldade em fixar regras gramaticais e ortográficas;
6) Dificuldade na acentuação;
7) Erros no ditado, na cópia e na composição;
8) Erros como omissões de letras, sílabas e palavras;
9) Adições de fonemas, sílabas e palavras;
10) Inversões de caracteres, sílabas e palavras;
11) Troca de símbolos linguísticos ao nível do traço de nasalidade;
12) Erros visuoespaciais onde se incluem as substituições de letras que se distinguem pela sua forma escrita, as substituições de caracteres semelhantes visualmente;
13) Confusão com fonemas que tenham dupla grafia;
14) Escrita de palavras em espelho;
15) Quando a criança faz troca de letras sem qualquer sentido;
16) Erros de conteúdo (junção de duas palavras ou a separação incorreta);
17) Erros de ortografia caracterizados por falta de pontuação;
18) O não iniciar as frases com letras maiúsculas e a deficiente separação de palavras.
Crianças com disortografia demonstram falta de vontade para escrever e quando o realizam seus textos são bastante reduzidos desorganizados e sem pontuação. Quando as crianças apresentam problemas na fala têm tendência a fazer as mesmas trocas na escrita.
Prevalência
A disortografia é menos frequente que a dislexia. As pessoas com esta patologia apresentam uma leitura normal, mas apresentam um déficit na capacidade de compor textos escritos, sendo a sua organização pobre, cometem erros gramaticais e de pontuação.
Como pode ser realizada a avaliação da disortografia?
Através da utilização de ditados de letras, ditado de palavras e de frases. Solicitação da descrição de imagens, complemento de frases e elaboração de uma composição/redação. Torna-se importante o conhecimento prévio do nível ortográfico da criança, conhecer quais os erros que mais comete e qual a sua frequência na escrita. Também de grande relevância procurar informações a partir dos cadernos escolares e dos trabalhos que a criança realiza tanto em casa como na escola.
A intervenção deve englobar a percepção auditiva, visual, espaço-temporal e a memória visual e auditiva.
Exercícios sugeridos a pais/responsáveis e educadores:
Os pais e educadores podem realizar com as crianças exercícios de reconhecimento de formas gráficas, identificação de erros, distinção do direito-esquerda, cima-baixo, frente-trás, conscientização do fonema isolado, em sílaba e em soletração, análise de frases, substituição de um fonema por outro na sílaba e palavra.